OS AGENTES DO CONHECIMENTO E A
INFORMAÇÃO
Ao longo da sua
trajetória, as empresas vêm incorporando, em suas estruturas, diferentes
profissionais, cujos perfis de atuação dependem diretamente do uso e
interpretação da informação.
Qualidade, produtividade e competitividade. Estes são os três
conceitos sinalizadores dos atuais desafios das empresas que, nos últimos anos,
passaram a constituir a trilogia do sucesso empresarial. Nas três últimas
décadas, as empresas alcançaram avanços consideráveis nos processos de
manufatura, nas áreas financeira,
administrativa e de marketing, bem como no
desenvolvimento e utilização de novos materiais.
Recentemente, algumas
pesquisas demonstraram que as empresas experimentaram expressivas
transformações na gestão dos negócios em consequência da automação industrial e
de escritórios, de modo que o uso da tecnologia da informação se transformou em
passaporte para entrada em um mundo de mercados globalizados.
E reduzir custos e ganhar
vantagem competitiva passa a ser o resultado não só do “quanto”, mas também de
“como” serão feitos investimentos em tecnologia, e esse resultado será
proporcionalmente maior para as empresas que responderem de modo mais rápido às
mudanças de necessidades e de demandas do mercado e da sociedade como um todo,
antecipando-se em alternativas inovadoras.
Gerenciar de maneira
inteligente as informações obtidas e o consequente conhecimento gerado e
incorporado pela empresa a partir dos seus processos de inovação passa a ser
diferencial estratégico. Assim, cada vez mais as empresas passam a ter em seu
quadro de pessoal, não apenas especialistas técnicos, mas também especialistas
em trabalhar a informação de maneira criativa. É nesse contexto que surgem,
dentro das empresas, os novos agentes do conhecimento.
A
evolução das características e as necessidades dos diferentes usuários de
informação em empresas vêm determinando, ao longo do tempo, não apenas a
criação de diversos tipos de sistemas de informação para atendê-los, como
também uma constante adaptação do perfil de formação acadêmica e de atuação dos
profissionais da informação.
Vamos
citar aqui, alguns desses tipos de perfis, que as empresas têm buscado, e em
outras tem encontrado em si próprias.
Agentes
criativos
São os profissionais que utilizam a informação na
solução de problemas, ou como insumo gerador de ideias que irão fundamentar
novas tecnologias e conceitos que, por sua vez, irão proporcionar vantagem
competitiva.
Os agentes criativos da empresa são os profissionais
das áreas de desenvolvimento e criação para os quais a informação necessária
pode estar em catálogos comerciais, notícias, textos literários, imagens,
artigos de revista, livros, como também em complexas análises de engenharia, de
logística, de equipamentos ou de formulações químicas e seus efeitos.
O atendimento das demandas de informação destes
profissionais tem sido realizado por meio dos diferentes tipos de sistemas de
informação criados nas últimas décadas. O modelo mais antigo é o da tradicional
biblioteca técnica de empresa, representada, em geral, por uma sala com acervos
de livros, periódicos e normas técnicas mantidos, na maioria das vezes, com
limitados recursos orçamentários, que, frequentemente, acabava se transformando
em um depósito de livros e revistas recebidos na empresa. Tais bibliotecas
atuavam como micro espelhos de bibliotecas especializadas e universitárias,
tendo como foco de atuação o acúmulo de acervo com o objetivo de atender às
demandas internas da empresa.
Em seguida, viveu-se a fase dos centros de documentação,
que nada mais eram do que as mesmas bibliotecas de empresa, porém de menor
tamanho, que tentavam ser mais seletivos quanto à abrangência de seus acervos.
Ao mesmo tempo, surgiram os centros de informação, cuja proposta, em alguns
casos, ia além de simplesmente guardar livros e publicações, para se arriscar
em primitivas seleções e análises de conteúdo, embriões dos atuais sistemas de
inteligência competitiva.
No início dos anos 90, viveu-se o boom das
bibliotecas virtuais de empresa, cujo foco de atuação é o acesso à informação
ao invés do acúmulo de acervos. Mais do que armazenar informação em pilhas de
publicações e documentos e despender recursos com isso, compreende-se que ser
estratégico é saber onde encontrar a informação certa, de maneira rápida e com
custo-efetivo.
Agentes
intérpretes
São os profissionais que interpretam o contexto de
atuação da organização, utilizando a informação como ferramenta de prospecção e
identificação de novos negócios, mercados e tecnologias. São os especialistas
em análise e planejamento econômico, comercial ou tecnológico, cuja missão é
identificar ameaças e oportunidades, antecipando mudanças de cenários.
Para suprir suas necessidades de informação,
surgiram os sistemas especialistas em inteligência competitiva, que se valem
principalmente dos sistemas virtuais de acesso a informações para obter dados
que serão analisados e reinterpretados à luz do negócio e, posteriormente,
divulgados às esferas decisórias da empresa.
Agentes
intermediários
São os especialistas em intermediar o acesso à
informação, cujo processo se inicia com a identificação e interpretação das
demandas de informação do negócio, seguida da identificação das fontes de
informação, da seleção e pesquisa propriamente dita, da organização que torna
as informações acessíveis e, por fim, da sua divulgação para os agentes do
conhecimento existentes na empresa.
Essa categoria de agentes foi quase que
exclusivamente formada por bibliotecários em sua mais tradicional função de
organizadores e mantenedores dos acervos das bibliotecas internas de empresas.
Atualmente, o perfil de formação e atuação profissional dessa categoria de
agentes vem sofrendo constantes e significativas mudanças.
Em consequência do natural amadurecimento por que
passam todas as empresas, seja em relação às suas crenças e modos de gestão,
seja quanto aos seus processos internos, esse profissional foi ganhando um novo
papel de intermediário entre as demandas de informação da empresa e o universo
de informações acessíveis e acessáveis. Atualmente, constata-se a participação
cada vez maior de profissionais de diversas especialidades atuando nesse tipo
de atividade. São os chamados infomediários ou information brokers.
Agentes
gestores do conhecimento
É uma nova categoria de profissionais cujo papel é a
administração do capital intelectual da empresa, também chamado de QI
empresarial.
Esses profissionais e o seu papel dentro das
modernas organizações são necessários assinalar a distinção sobre o que é
inteligência empresarial e QI ou conhecimento empresarial.
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(Postado por Valéria Albuquerque - Real Consultoria e Serviços)