A formulação estratégica de qualquer negócio sempre é feita a partir das
informações disponíveis, portanto nenhuma estratégia consegue ser melhor que a
informação da qual é derivada. Chama-se inteligência competitiva o processo de
monitorar o ambiente competitivo, e não apenas o ambiente mercadológico,
prática há mais tempo consolidada por meio de pesquisas de mercado ou marketing.
Sapiro (1993) define inteligência empresarial como o processo de “transformar
dados em sabedoria, através de um sistema informacional que tem como objetivo
melhorar a posição competitiva. Antes o relacionamento com o mercado
caracterizava-se por uma troca simples, [...]. Hoje a troca é essencialmente
baseada em informações”. Pode-se ainda definir inteligência competitiva como o
processo de monitorar o ambiente competitivo.
Partindo dessas definições, será a habilidade com que a empresa coleta,
organiza, analisa e implementa as mudanças a partir de informações,
integrando-as ao processo de melhoria contínua de suas atividades, que irá
determinar a sua excelência. Para isso, principalmente nos últimos cinco anos,
muitas empresas passaram a contar internamente, com sistemas de inteligência,
nos quais os agentes intérpretes desempenham papel fundamental.
Para estes, a produção inteligente de informações deve começar com a
identificação das necessidades do negócio, seguida da escolha das fontes, da
coleta, classificação, organização e análise de dados e pela edição e difusão
constante das informações geradas para os níveis decisórios da empresa.
Iniciativas que se limitem a coletar e disseminar dados pela empresa não
garantem, por si só, a criação e sustentação de vantagens competitivas.
Fuld (1994) lembra que a informação nunca anda em linha reta e que
informações valiosas podem passar despercebidas e por isso é preciso constância
e método para trabalhá-la.
Segundo a Society of Competitive Intelligence Professionals (SCIP), 80%
das informações sobre os concorrentes estão dentro da própria empresa.
O trabalho de inteligência não se constitui mais em novidade, mas apenas
nos últimos anos essa atividade tem sido formalizada, departamentalizada e
organizada em nível mundial. Prova da sua valorização, bem como a de seus
profissionais, é o crescimento no número de filiados a essa mesma associação,
que, de 1.800 membros em 1995, saltou para 6.000 em 1999, com uma média de 200
novas adesões por mês. Das 500 maiores empresas listadas pela revista Fortune,
90% têm processos de inteligência estabelecidos. Uma tradicional empresa do
ramo de dietéticos, por exemplo, afirma obter ganhos de até US$ 50 milhões
anuais graças a esse trabalho.
Para Gilad & Gilad, apud Sapiro (1993), a atividade de
inteligência deveria até mesmo ser institucionalizada nas empresas à maneira de
uma rede, em que diversos funcionários seriam responsáveis pela coleta de dados
e alimentariam uma central de inteligência, que os interpretaria e divulgaria.
Seja qual for a extensão da rede interna e externa de inteligência de uma empresa,
para que o sistema seja bem-sucedido, é importante determinar se a sua
abrangência é extensiva a todo o ambiente ou limitada apenas a uma parte dele.
Diante
do mundo globalizado, vivenciado nas últimas décadas através das grandes
mudanças socioeconômicas, políticas, culturais e tecnológicas visualiza-se a
passagem de uma sociedade industrial para uma sociedade do conhecimento.
Na era do conhecimento, as organizações
precisam gerir seu capital intelectual de forma mais sistêmica. Precisam
elaborar diretrizes, estratégias, plano de ação que leve o seu capital humano,
o indivíduo detentor de conhecimento, a organizações focalizadas em
conhecimentos.
A complexidade do ambiente empresarial atual
exige a capacitação de instrumentos de intervenção cada vez mais sofisticados e
inovadores. O capital Intelectual surge como uma forte alternativa para todas as organizações,
independentemente de tamanho, atividade ou nacionalidade.
Todavia, essas mudanças provocadas pelo
capital intelectual, se por um lado, pode gerar frustração aos profissionais da
contabilidade, devido ao desafio em mensurá-lo, e por tudo que foi aprendido e
repassado às inúmeras gerações, por outro, é uma oportunidade singular para
fortalecer ainda mais a relevância do homem na sociedade.
Esse será o caminho a ser trilhado pelas
organizações para manter-se atual, moderna e na vanguarda dos acontecimentos da
nossa era.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ANTUNES, Maria Thereza Pompa. Contribuição ao entendimento e mensuração
do capital intelectual. 1999. Dissertação (Mestrado) – FEA, Universidade
de São Paulo, São Paulo.
ANTUNES, Maria Thereza Pompa. Capital Intelectual. São Paulo:
Atlas, 2000.
MARION, José Carlos. Contabilidade Empresarial. 10. ed. São
Paulo: Atlas, 2003.
SCHMIDT, Paulo. SANTOS, José Luiz. Avaliação de ativos intangíveis. São
Paulo: Atlas, 2002.
STEWARTE, Thomas A. Capital Intelectual: a nossa vantagem
competitiva das empresas. 11 ed. Rio de Janeiro: Ed. Campus, 1998.
Postado por Valéria Albuquerque
Real Consultoria e Serviços.